Síndrome de Burnout e COVID-19

Síndrome de Burnout e COVID-19

Em meio a segunda onda de COVID-19, o Brasil obteve a média móvel de 3.020 mortes na semana entre 4 a 10 de abril, segundo a reportagem do dia 16 de abril de 2021 da Agência EBC Brasil de notícias, marcando um aumento de mortes de 8% nessa semana. A população brasileira e mundial vem sofrido cada vez mais com as consequências da pandemia, seja pela perda de familiares e amigos, pelo medo da própria morte, pelo sentimento que o confinamento gera e também pela crise econômica que o pais e o mundo se encontram.
Realizei uma pesquisa no Pubmed database com as palavras chaves: Burnout, job stress, 2020 ,COVID-19 com o intuito de verificar o volume de trabalho realizado sobre a síndrome de burnout e COVID-19, o resultado foram 234 artigos que trazem como tema a COVID-19 e suas consequências na saúde mental dessa população que na maioria são médicos, enfermeiras, equipes ligadas ao cuidado de doentes, e uma pequena parcela que trabalha em hospitais na parte administrativa. Foi observado grande aumento de estresse, depressão e ansiedade (já mencionados no meu artigo anterior), como também sintomas da síndrome de burnout.
A síndrome de burnout faz parte do conjunto de doenças ligadas ao trabalho e é consequência da resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos ocorridos no ambiente de trabalho. Nela, o trabalhador sente o desgaste e tende a desistir de suas atividades devido a falta de energia, e com isso o trabalho pode até perder o sentido para a própria pessoa. Aproximadamente 10% das faltas e afastamentos estão relacionados ao estresse vivenciado no ambiente de trabalho. No Brasil 72% das pessoas ativas no mercado de trabalho devam experimentar , por algum período, condições de estresse relacionadas ao trabalho. A síndrome de burnout representa 32% destas condições.
Tres conjuntos de sintomas e sinais podem caracterizar essa síndrome, constituindo-se de um processo multidimensional (fisico-social-psicológico) com a presença de 3 principais dimensões:

1.Exaustão emocional ou esgotamento e redução de capacidade física;
2.Despersonalização ou endurecimento afetivo com atitudes impessoais em relação ao sujeito cuidado;
3.Baixa realização profissional ou avaliação negativa do próprio desempenho profissional.
Os reflexos dessa condição podem ser observados na deterioração das relações interpessoais, atrasos, diminuição da produtividade e falta de motivação. Também são observados absenteísmo relacionado a doença, acidentes de trabalho, riscos ocupacionais, falta de reconhecimento e de plano de carreira, sobrecarga e exaustão, ausência de laser e de convívio familiar e social.
Não somente em ambientes hospitalares, mas também em qualquer outro ambiente laboral, pode-se encontrar trabalhadores que enfrentam essa síndrome sem ter conhecimento dela. É importante ficar atento para os sinais aqui descritos e ir à procura de um profissional capacitado como um psiquiatra ou um psicólogo.

Referências
“Síndrome de burnout e fatores associados” Carlotto M.S., Palazzo Ldoss.,2006.
Organização Mundial de Saúde, OMS.
“Alterações na saúde decorrentes do excesso de trabalho entre trabalhadores da área de saúde” Robazzi M.L.C.C., Mauro M.Y.C., Secco I.A.O., et. al., 2019.
Agência pública de notícias da EBC- Agência Brasil
“Dívida global bate recorde, traz risco de crise e põe crescimento em xeque”- Folha de São Paulo 14 de fevereiro de 2021 às 23:15.Fernando Canzian.
Pubmed-database: palavras chaves: burnout, job stress, 2020, COVID-19.